sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A SOBERANIA DO CONSUMIDOR


Antes de saber o que é a soberania do consumidor, é bom entender o funcionamento do mercado:
 
 Mercado é a soma da rede de trocas feitas por cada um de nós – uma rede absolutamente complexa e interativa. Eu, você, o seu vizinho, a cabeleireira da esquina, o borracheiro, o cara que vende pipoca. Tá todo mundo nessa. E não vá pensando que você precisa ter um mercado para fazer parte do mercado. Também não é preciso vender nada. Quando você troca as suas moedas por um quilo de tomate, está inserido dentro dessa grande bolha chamada mercado, mesmo que não queira. A mesma coisa acontece quando você assina um pacote de internet ou quando compra um livro do Paulo Coelho (aliás, que mau gosto, hein?). Não dá pra escapar. (artigo)
O Economista Ludwig Von Mises enfatizou sua visão da relação entre consumidores e produtores em uma economia de mercado. Em contraste com a visão típica, que considera a classe burguesa como governante de todos os outros, Mises afirma precisamente o contrário:
Os capitalistas, os empreendedores e os agricultores são fundamentais na condução dos assuntos econômicos. Eles estão no leme e dirigem o navio. Mas eles não são livres para moldar seu curso. Eles não são supremos, são apenas servos, obrigados a obedecer incondicionalmente as ordens do capitão. O capitão é o consumidor. 
Burocracia , "Gestão de lucros", pág. 226
Não só o consumidor é o capitão, mas ele é impiedoso. Mises explica:
Os verdadeiros chefes [do capitalismo] são os consumidores. Eles, por comprar e por sua abstenção de comprar, decidem quem deve possuir a capital e administrar as plantas. Eles determinam o que deve ser produzido e em que quantidade e qualidade. Suas atitudes resultam em lucro ou perda para o empreendedor. Eles tornam os pobres homens ricos e os homens ricos são pobres. Eles não são chefes fáceis. Eles são cheios de caprichos e fantasias, variáveis ​​e imprevisíveis. Eles não se importam com um mérito passado. Assim que algo lhes for oferecido que eles gostem melhor ou seja mais barato, eles abandonam seus fornecedores antigos. (227)
Em um livre mercado genuíno onde o aparato estatal interfere minimamente, (sem o protecionismo, regulamentações excessivas e abusivas, burocracia...) empresas se desenvolvem melhor, pois encontram neste ambiente um território fértil para se desenvolver, e como em uma horta, não só um, mas várias são as opções para se colher, na ralidade do mercado, temos varias opções para se comprar. Isto é a soberania do consumidor: Empresas brigando entre sí para disponibilizar ao consumidor o melhor, e o mais barato. Nisso, o consumidor tem uma diversificada opção, e sua escolha pelo melhor é o que o torna soberano na relação, e a concorrência é seu servo!

Tome este exemplo:   
Imagine que você queira comprar um tênis e que entre em uma sapataria em um shopping. Com certeza você vai ficar um bom tempo escolhendo o modelo que vai comprar, tamanha a variedade e diversidade com que vai se deparar. Imagine agora que outra pessoa, com a sua idade e exatamente os mesmos gostos (supondo que isso seja possível) queira também comprar um tênis, mas viva na Coreia do Norte, um país comunista. Certamente, ela vai se deparar com um único modelo, quase certamente muito feio e, se estiver mesmo precisando de um tênis novo, vai ter que comprar esse modelo, não importa se tenha ou não gostado dele, desde que, obviamente, a loja disponha do número que calça em estoque, o que, por sinal, não costuma acontecer sempre. 
Qual dos dois teve maior satisfação, você ou o consumidor coreano do Norte? Esse exemplo simples, mas que corresponde exatamente ao que acontece no mundo real ilustra com perfeição as vantagens da competição entre os produtores de um determinado produto. Obviamente, o que escrevemos para tênis é válido para qualquer outro produto. 
Onde existe competição, onde diferentes empresas tenham que concorrer para ver quem agrada mais aos consumidores, seja pela qualidade, seja pelo preço ou por ambos, quem sai sempre ganhando são os consumidores e, logicamente, as empresas que mais lhes conseguem agradar. 
A isto se costuma chamar de soberania do consumidor, que é uma das características principais das economias de mercado, em que vigore a liberdade para empreender e produzir, sem as amarras do governo. A soberania do consumidor, então, é uma consequência exclusiva da economia de mercado. Ou seja, se não existir economia de mercado, isto é, se o governo interfere na economia, quem sai sempre perdendo é o consumidor, que se vê, como o pobre norte-coreano, limitado em suas  escolhas. Infelizmente, nós não vivemos em livre mercado atualmente em nenhum país do mundo, porque as intervenções e coerções dos governos são contínuas e implacáveis." 
"Dez Lições Fundamentais de Economia Austríaca", pág. 53 
Ubiratan Jorge Iorio 
No capitalismo de livre mercado o consumidor é o patrão, no socialismo e comunismo o consumidor é somente mais um naquela politica coletivista(sem individualidade, sem preferencias!):
O consumidor americano, o indivíduo, é tanto um comprador como um patrão. Ao sair de uma loja nos Estados Unidos, é comum vermos um cartaz com os seguintes dizeres: "Gratos pela preferência. Volte sempre". Mas ao entrarmos numa loja de um país totalitário - seja a Rússia de hoje, seja a Alemanha de Hitler -, o gerente nos dirá: "Agradeça ao grande líder, que lhe está proporcionando isso." Nos países socialistas, ao invés de ser o vendedor, é o comprador que deve ficar agradecido. Não é o cidadão quem manda; quem manda é o Comitê Central, o Gabinete Central. Estes comitês, os líderes, os ditadores, são supremos; ao povo cabe simplesmente obedecer-lhes. 
As Seis Lições, de Ludwig Von Mises
Neste modelo planificador do socialismo se encontra o problema do conhecimento: Como um governante pode saber o que as pessoas precisam? Ele não tem como saber o que todos querem, até porque nem mesmo, a maioria, de nós sabemos o que queremos. E mesmo se ele soubesse, como processaria essa informação? Como elencaria e organizaria todas as necessidades da população? É impossível. Resta que o governante fará o que ele acha que deve fazer ou o que ele acha que você precisa, a custo do que você faria se fosse livre para escolher. Com essa politica, o consumidor, conforme diz Marx Weber, é "dessacralizado e desvestido de seu poder" em ser o soberano.

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