sábado, 30 de setembro de 2017

NÃO PEÇA INTERVENÇÃO! FORÇAS ARMADAS NÃO SÃO CAPAZES DE ADMINISTRAR UM PAÍS


O Regime Militar no Brasil durou 21 anos (1964-1985), mas esta longa duração não foi pela "boa gestão", e sim pela imposição de suas ideias através de seu monopólio da força. Sem o poder Executivo, o Legislativo seria ineficaz: sem a intimidação , criminosos não teriam motivos para se submeter a prisão, senão por voluntarismo. Ou seja, como as Forças Armadas formam o poder Executivo, todo sistema governamental e social era subordinado a ele, coercitivamente.
Somente uma insatisfação geral tiraria o domínio deste regime, e foi o que ocorreu, como a passeata dos cem mil, "uma das maiores e mais expressivas manifestações populares da história republicana brasileira."

A população estava insatisfeita, mas pelo que?

O período regido pelos militares não pode ser considerado uma ditadura, porém utilizou meios de uma: censura, repressão e tortura. Mas devemos lembrar que, não foi necessário uma revolução armada, guerra civil, etc. para a remoção do comando dos militares. Tal governo, foi retirado democraticamente pelo voto popular.

Mas não foi somente seus artifícios de controle social (ex. censura aos meios de comunicação) que causavam insatisfação. Sua administração publica também deixou a desejar, e criou péssimos exemplos de administração: em contraste com o chamado "milagre econômico" vimos o aumento da desigualdade social, a aceleração da dívida externa nacional[1] e a inflação altíssima.

"O professor do departamento de ciências econômicas da Unesp, Adilson Marques Gennari, ressalta que a economia da ditadura militar foi de grande expansão, mas mal planejada, com extremo desequilíbrio estrutural." [2]
No áudio vazado de Michael Temer com o executivo da JBS[3], Joesley Batista declarou quando foi sozinho ao Palácio do Jaburu, residência do Presidente:
Joesley: Eu gostei desse jeito aqui... 
Temer: Desse jeito?

Joesley: Eu venho dirigindo, nem venho com motorista, eu mesmo dirijo.

Temer: Ou você vem com o Rodrigo e o Rodrigo se identifica lá.

Joesley: Eu tinha combinado de vir com ele. Eu vim sozinho, mas aí eu liguei para ele era 10h30. Aí, deu 9h50 eu mandei mensagem pra ele. Ele não respondeu. Deu 10h05 e eu liguei para ele eu disse: cadê? Ele: puta, eu tô num compromisso. Vai lá. Eu passei a placa do carro. Fui chegando, eles abriram, nem dei meu nome.

Temer: Não te viram?

Joesley: Não, fui chegando, eles viram a placa do carro, abriram, eu entrei.

Temer: Melhor, então.

Joesley: Funcionou super bem.
Quem permitiu a entrada de Joesley foram soldados do Batalhão da Guarda Presidencial. Na Organização Militar que faço parte, nosso superior direto na guarda diz para anotar a entrada e saída de todos, porém há a exceção de quando esta pessoa tem uma patente alta (Major, Coronel, General), ou quando esta pessoa é importante, como demonstrado no áudio, e isso é uma falha grotesca na segurança. Já, ao realizar o procedimento correto, quando vamos fiscalizar a entrada de um superior, ele de forma arrogante diz, por exemplo, "Sou o cap. fulano" em um tom de voz já estressado e intimando te dar uma punição.

Situações parecidas acontecem porque colocam soldados recrutas para realizar determinadas tarefas. Recrutas são soldados que estão no ano de serviço militar obrigatório, portanto, são soldados muitas das vezes com o psicológico abalado: estressados, desmotivados... soldados que estão cagando para a missão(por trabalharem mais, mas recebendo menos, e por serem temporários). Podem até achar que em quartéis mais operacionais quem é escalado para missões mais importantes são soldados do efetivo profissional: escolheram seguir carreira militar voluntariamente, recebem mais, trabalham menos... portanto estão mais satisfeito com sua profissão e são mais capacitados para essas tarefas. Porém, nesta pesquisa[4], é mostrado a insatisfação de militares com sua condição financeira, mesmo no cotidiano ouço muitas reclamações dos soldados do efetivo profissional pelo salario insuficiente para tarefas a eles condicionadas. E mesmo sendo mais capacitados, em minha cidade pelo menos, Campo Grande/MS, há uma obra com prazo indefinido para terminar, completando já mais de 100 dias, causando assim indignação aos moradores que tem sua condução limitada ou impedida, obra esta, feita pelo Exército[5].

Se as Forças Armadas não deixam nem seus próprios soldados satisfeitos, como deixariam a população brasileira? Por que arriscar a se submeter a um regime que historicamente já demonstrou sua ineficácia na administração econômica e social?

Deixemos as Forças Armadas exercerem somente a função de segurança publica e proteção à pátria de inimigos externos.


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[1] Em valores de hoje, dívida externa deixada pela ditadura militar atingiria US$ 1,2 tri, quatro vezes a atual
-http://dinheiropublico.blogfolha.uol.com.br/2014/03/31/em-valores-de-hoje-divida-externa-deixada-pela-ditadura-militar-atingiria-us-12-tri-quatro-vezes-a-atual/

[2] Milagre econômico ou desastre? Saiba mais sobre o crescimento brasileiro durante o regime militar
-http://noticias.r7.com/economia/milagre-economico-ou-desastre-saiba-mais-sobre-o-crescimento-brasileiro-durante-o-regime-militar-03042014

[3] Joesley conta a Temer que entrou sem se identificar no Jaburu: "funcionou super bem"
-https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/05/18/joesley-conta-a-temer-que-entrou-sem-se-identificar-no-jaburu-funcionou-super-bem.htm

[4]
Pesquisa sobre situação financeira dos militares das Forças Armadas brasileiras. -http://unpprj.blogspot.com.br/2015/06/pesquisa-sobre-situacao-financeira-dos.html

[5] 
Entre alívio e dúvidas, obra do Exército em ruas da Capital completa 100 dias
-https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/entre-alivio-e-duvidas-obra-do-exercito-em-ruas-da-capital-completa-100-dias

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