segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Sobre | Design Inteligente [Compilação]


PERGUNTE AO EVOLUCIONISMO:

"Não há debate sobre a realidade da evolução dentro da comunidade científica, embora em nossa sociedade exista uma polêmica envolvendo a aceitação da evolução (e do consenso científico em torno dela) por parte de certos segmentos da sociedade em virtude da percepção equivocada de que consequências morais nefastas seriam trazidas à tona por tal aceitação ou por que simplesmente estas conclusões chocam-se com o que é dito nos textos sagrados dos adeptos destas religiões que adotam interpretações mais literalista e fundamentalistas. Portanto, não há qualquer alternativa científica (é bom deixar claro) à evolução biológica e nem a moderna teoria evolutiva, embora hajam disputas e discussões internas a biologia evolutiva sobre os mecanismos e padrões evolutivos, ou seja, não sobre SE, mas sobre COMO, a evolução ocorreu. (Recomendado)

[...]
No sentido mais trivial do termo, o criacionismo,sem dúvida, pode ser considerado uma teoria, jábem refutada, diga-se de passagem e que, por causa disso, só pode ser mantida, atualmente, por razões ideológico-religiosas, mas, cujos adeptos vêm tentando reapresentá-la e travesti-la de ciência tornando-a claramente uma teoria pseudocientífica, como foi com o chamado‘Criacionismo Científico’ e é agora com o Design Inteligente."
http://pergunte.evolucionismo.org/post/76569820657

"O movimento do Design Inteligente é, simplesmente, uma forma de criacionismo disfarçada que tenta afirmar-se como ciência e afastar-se (nem sempre de forma muito cuidadosa) das formas de criacionismo mais tradicionais como o da ‘terra-antiga’ e, especialmente, da ‘terra-jovem’, de modo a conseguir mais legitimidade frente as cortes dos EUA e comitês escolares. Por isso prefiro me referir a ele como Criacionismo do Design Inteligente (CDI). Este tipo de criacionismo funciona como um projeto guarda-chuva em que os argumentos criacionistas tradicionais (às vezes ipsis litteris) são requentados e colocados de uma forma em que não pareçam tão vinculados aos dogmas bíblicos dos seus proponentes que, de fato, são a real motivação por trás do movimento 

O DI não é uma teoria científica não só por que não é empiricamente testável, mas por que não têm qualquer conteúdo substantivo próprio que possa ser usado para criar um programa de pesquisa científico autônomo bem definido e empiricamente sustentável que nos dê respostas realmente úteis intelectualmente. Basicamente, o CDI existe como uma série de [maus]argumentos que só fazem por negar (nisso aproximam-se muito de outras formas de negacionismo) a capacidade da moderna biologia evolutiva em explicar a origem de certos sistemas, órgãos e estruturas biológicos, sem, entrtanto,  apresentar qualquer alternativa mecanicística coerente ou, pelo menos, uma maneira direta de testar o papel do suposto Designer, tentando forçar uma dicotomia tola e falaciosa: “Se a Biologia Evolutiva não explica então sópode ser produto de um Designer”. Mas além desta abordagem ser um non sequitur, os argumentos dos CDIstas não são nem minimamente efetivos em estabelecer que as lacunas em nosso conhecimento sejam de fato relevantes a questão, dependendo da distorção de informações científicas através da apresentação incorreta de fatos, modelos e teorias que é empregada a estratégica e dissimulada retirada do contexto original de citações de cientistas respeitados (a famosa 'mineração de citações’ ou ’quote mine’), de maneira que pareçam que as lacunas em nosso conhecimento são muito maiores do que realmente são e que as polêmicas internas à biologia evolutiva dizem respeito a sua factualidade, quando isso não é nem de longe verdade.
http://pergunte.evolucionismo.org/post/19473044306

"...Eles deixariam um pouco de lado a promoção do criacionismo e passaram a fazer pressão mais específica para que se ensine os “pontos fortes e fracos da teoria evolutiva” [veja aqui, por exemplo]. Porém, olhando com um pouco mais de atenção, isso não é  outra coisa se não (em linguagem cifrada) o mesmo que eles sempre fizeram, ou seja, argumentar falaciosamente, enfatizando, exagerando e mesmo inventando pontos de incerteza e debate dentro da biologia evolutiva sobre os padrões e mecanismos evolutivos, como se isso refutasse a realidade do fenômeno evolução que é consensual entre a comunidade científica em virtude da abundância de evidências e cogência dos argumentos.

Além disso, esta estratégia é ridícula por causa do conveniente foco bem específico nos tópicos evolução biológica, origem da vida e origem do universo [incluindo mais recentemente o aquecimento global antropogênico, por causa da ligação entre o criacionismo e o conservadorismo político nos EUA, e a clonagem humana], deixando todas as outras disciplinas de lado. Embora compreender as limitações e as incertezas associadas a pesquisa científica e a produção de conhecimento humano de maneira geral deveria ser parte essencial do ensino de ciências, o tipo de 'pontos fracos’ que os criacionistas têm em mente são completamente fora de propósito, pois são apenas a mesma velha lenga-lenga criacionista, que vive de parasitar e distorcer a literatura científica. Por exemplo, são coisas do tipo: afirmar que existem incertezas nas datações por radioisótopo, como se isso inviabilizasse toda a empreitada, mas sem mencionar que estas incertezas nem chegam perto de mudar substancialmente as datas estimadas, muito menos chegam perto da cronologia criacionista da terra jovem;  ou ainda, afirmar que não temos fósseis de TODAS as formas de transição só para concluir daí que a macroevolução não aconteceu, não deixando claro que os eventos de fossilização são raros, amostrando apenas uma pequena fração das espécies vivas em certas épocas (o que depende da distribuição geográfica, população, estrutura corporal, condições ecológicas, atmosféricas e geológicas etc), sendo seu encontro também dependente de vários eventos contingentes, com a exposição dos sedimentos em que os fósseis estão encerrados, a localização destes depósitos, a não erosão completa destes mesmos depósitos após a exposição inicial (ou seu roubo, depredação ou denotação) e, por fim, seu encontro e análise por cientistas. Só para citar alguns exemplos..."
http://pergunte.evolucionismo.org/post/83744259416

A Revolução Científica começou à mais de 460 anos atrás no século XVI, durante todos esses anos milhares de cientistas foram e são cristãos, apesar disso, não foi escrito nenhum artigo científico que comprove definitivamente o Criacionismo da Terra Jovem. Porém, o que aconteceu foi o inverso:
“A antiguidade da terra ou o chamado “tempo profundo” é algo que veio à tona ao longo do tempo, mesmo antes das teorias evolutivas, em um época em que os cientistas ocidentais eram em sua maioria cristãos, acreditavam na bíblia e na criação.”
http://pergunte.evolucionismo.org/post/8090472177




AS CAIXAS PRETAS DE BEHE


"...A [ideia] de Darwin não necessita de uma analogia com estruturas não biológicas e se aplica exclusivamente aos sistemas vivos, que produzem descendentes. O conceito de Behe, entretanto, pode ser aplicado em diversos outros setores e é especialmente descrito em estruturas não vivas e incapazes de produzir descendentes.

Fica lançada a suspeita de que o conceito de Behe seja frágil demais para ser levado adiante, diferente do poderoso conceito darwiniano. Não parece possível derrubar o conceito de Darwin em si, como um construto racional, visto que a relação entre hereditariedade, variação e seleção funciona como uma fórmula simples, por outro lado, o de Behe tem grandes vulnerabilidades.

A primeira vulnerabilidade que podemos apontar é que o conceito é, em princípio, feito sob medida para se opor à evolução, e não uma descoberta que tenha se dado mediante o estudo sistemático da natureza, e que tenha necessitado de uma teoria explicativa. Voltando à definição inicial de Behe, um sistema irredutivelmente complexo é nada menos que um sistema que não possa ser explicado pela seleção natural. Sendo assim, parece nítido que tal conceito foi encomendado como um opositor prévio ao neodarwinismo. Em termos epistemológicos que valoram a origem de uma idéia, isso tende a ser visto com desconfiança.

Logo em seguida, Behe declara que um sistema só pode ser selecionado caso já funcione, o que parece ir contra toda uma série de evidências da natureza, onde abundam sistemas não funcionais ou ao menos de função desconhecida, mas que continuam sendo poupados pela seleção natural, que elimina de fato um sistema prejudicial, não um sistema inerte. [...]

O primeiro critério de Behe para determinação da complexidade irredutível é especialmente sensível a Hume, pois exige que tenhamos conhecimento claro e bastante específico sobre a função e todas as partes do sistema. Porém, Hume perguntaria: que sistemas podemos dar por suficientemente conhecidos a ponto de estarmos seguros de uma conclusão tão forte? Nos três exemplos mais detalhadamente explicados por Behe em seu livro, ele admite que nosso conhecimento sobre os mesmos não é completo. Ao descrever o fascinante sistema “motorizado” de propulsão de bactérias mediante o cílio flagelado, por sinal um sistema por si só capaz de desencadear espanto mesmo num leigo, Behe coloca:

Os requisitos de um motor baseado em tal princípio são muito complexos e estão sendo objeto de pesquisa ativa. Muitos modelos foram sugeridos para o motor, nenhum deles simples. (p. 78)

Logo adiante, Behe enfatiza o fato de que a literatura científica é ausente de artigos que tentem explicar a evolução de um sistema tão espetacular. No entanto, é de se questionar se poderíamos esperar outra coisa de algo para o qual, como o próprio Behe deixa claro em várias ocasiões, ainda estamos longe de compreender totalmente.

[...]

Por outro lado, e por fim, ao longo de todo o livro existe uma estrutura de sustentação argumentativa que está presente a cada passo dado, e que pode ser resumida na expressão “mas como exatamente?” Behe insiste em que o evolucionismo não tem explicações consistentes basicamente porque não pode fazer indefinidamente uma regressão explicativa rumo às menores estruturas concebíveis. Ou seja, porque não podemos explicar algo no mais ínfimo do mais ínfimo dos detalhes, então toda a explicação é suspeita. Ou, por suas próprias palavras:

A bioquímica, portanto lança um desafio liliputiano a Darwin. A anatomia, nos termos mais simples, é irrelevante para se descobrir se a evolução poderia ou não ocorrer no nível molecular. O mesmo acontece com o registro fóssil. Já não importa se há imensos vazios no registro fóssil ou se ele é tão contínuo como a lista dos presidentes norte-americanos. E se há buracos, não importa se podem ser explicados plausivelmente. O registro fóssil nada tem a nos dizer sobre se as interações da 11-cis-retinal com a rodopsina, a transducina ou a fosfodiesterase, poderiam ou não ter se desenvolvido passo a passo. Também não importam os padrões da biogeografia nem o da biologia das populações; tampouco as explicações tradicionais da teoria evolutiva sobre órgãos rudimentares ou abundância de espécies. (p. 32)

Como pode ser visto acima, o que Behe faz nesse parágrafo é pura e simplesmente afirmar que todas as evidências acumuladas por Darwin não são suficientes para justificar a explicação evolutiva porque teríamos que explicar não somente no nível macro e global, mas também no nível micro e específico, e ao longo de seu livro essa afirmação é freqüentemente feita, de que se não explicamos o “exatamente como” algo é feito, então não o explicamos.

O problema é que essa alegação destruiria todas as explicações, porque virtualmente nada poderia ser explicado se exigirmos um nível interminável de detalhamento. Enquanto o bom senso nos diz que afirmar que dirigi um carro até a universidade explica, ao menos em alguns casos, como cheguei lá, o raciocínio de Behe exigiria que eu explicasse exatamente como dirigi esse carro, e ao explicar o método de direção, exigiria que tipos específicos de movimentos meus braços e minhas pernas fizeram, e exatamente como são as reações químicas que movem meus músculos, e como se dá a explosão da gasolina no motor no nível subatômico, fotônico, quárkico, quântico e etc.

Embora seja justa uma reivindicação pelo detalhamento, afinal esta é uma característica central da ciência, isso não significa que uma explicação possa ser descartada porque não se explica especificamente um detalhe num grau sobre o qual ainda pouco sabemos. Se não contestarmos essa falácia de completude, estaremos condenados a um ceticismo que superaria o de Hume, pois a possibilidade de que jamais alcancemos explicações terminais sobre natureza é bastante provável.

Ademais, o mérito de um teoria explicativa está principalmente na funcionalidade de sua explicação, e não no conhecimento dos detalhes materiais. Como exemplo, a Teoria da Gravitação Newtoniana explica funcionalmente a gravidade sem ter qualquer conhecimento de sua específica constituição material, que por sinal continua sendo, até hoje, uma caixa preta. (Adendo em virtude do relevante comentário do professor Paulo Abrantes a respeito da importância funcional da explicação científica.)

A acusação de Behe, no entanto, poderia ser considerada justa se ele estivesse propondo um novo modelo explicativo que funcionasse. No entanto, ele em momento algum faz isso. Em todo o seu livro é completamente ausente um modelo explicativo, estando presente apenas a idéia de que se deveria pressupor um planejador inteligente.

[...]

Diferentemente do neodarwinismo, que tem critérios falsificatórios claros, além de impossível de ser testada, a hipótese de um planejador incógnito é completamente inútil para ajudar a explicar qualquer coisa. Para Behe, não é preciso ter um candidato ao papel de planejador, mas sim, apenas reconhecer o planejamento, mas que espécie de progresso explicativo isso nos daria?

Em momento algum Behe fornece luz alguma sobre como a pressuposição de design ajudaria a explicar “exatamente como” a vida evoluiu. Isso não nos faria entender melhor o motor bioquímico do cílio flagelado dos protozoários, não nos esclareceria nada sobre a coagulação sanguínea nem traria qualquer avanço no campo da genética. A admissão em larga escala de um planejamento inteligente não mudaria uma vírgula no nosso conhecimento sobre a natureza..."
http://www.evo.bio.br/LAYOUT/Behe.html


OBS: A Sociedade Brasileira de Paleontologia e a Sociedade Brasileira de Genética emitiram um manifesto cada, afirmando que evidências de respectivas áreas atesta a veracidade da teoria da evolução e desmentindo alegações falaciosas de criacionistas.

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